Uma oportunidade significativa surge com o aumento da demanda da China, que busca reduzir sua dependência dos Estados Unidos. Além disso, a epidemia da gripe suína africana continua a impulsionar a procura pela nossa carne. Essa doença destruiu mais de 40% da população suína da China, abrindo espaço para outras carnes.
Vale ressaltar que em junho o MAPA conseguiu a liberação do estoque de carne bovina produzida antes da suspensão de fevereiro, após a confirmação de um caso atípico de doença da “vaca louca”. São aproximadamente 40 mil toneladas que poderão ser comercializadas para a China. Durante o embargo, o governo brasileiro recebeu uma carta do órgão de alfândega sanitária do governo Chinês que, além de desembarcar e fazer novas habilitações, reconheceu o sistema de defesa brasileiro e ressaltou a transparência e a agilidade das operações. Conforme o Ministro Carlos Fávaro, isso dá segurança aos compradores e abre a possibilidade de discussão sobre a revisão do protocolo de embargo a novos casos de vaca louca.
A China é, atualmente, o principal mercado para a carne brasileira e apresenta grande potencial de crescimento, pois seu consumo per capita ainda é baixo, na faixa de 4kg/hab/ano. A China depende de importações que chegam a 30% de seu consumo doméstico, sendo o maior importador mundial dessa proteína. O potencial de crescimento do mercado de carne bovina na China é grande.
Outra questão relevante é que após uma espera de 20 anos, o mercado mexicano foi aberto para o Brasil. O México é o terceiro maior importador mundial de proteína animal, atrás apenas da China e do Japão. Essa abertura possibilita acesso ao mercado da América do Norte (EUA, México e Canadá), que contempla algo em torno de 500 milhões de habitantes. A expectativa é que isso gere um aumento significativo nas exportações, de modo a proporcionar um impulso econômico.
Embora as exportações de carne bovina tenham aumentado, em comparação com os padrões internacionais há espaço para melhorias na produtividade da pecuária de corte. É inegável o avanço alcançado nos últimos anos devido às pesquisas desenvolvidas em Universidades, iniciativa privada e Embrapa, combinadas com o grande esforço feito pelos pecuaristas brasileiros em adotá-las em suas propriedades, mas ainda existe uma boa margem para melhorias.
Algo recente no campo da inovação que pode ser destacado é que o Brasil tem se tornado um hub regional para Startups de agtech, empresas que aplicam tecnologia avançada e inovação no setor agrícola, oferecendo oportunidades para melhorias na cadeia produtiva. Atualmente, existem 1703 Startups de agtech no país, o que demonstra o potencial de inovação e modernização do setor. As agtechs têm uma ampla gama de atuação na produção de carne bovina, com soluções tecnológicas inovadoras aplicadas em áreas como monitoramento e rastreamento, nutrição, melhoramento genético, manejo, saúde e bem-estar animal, além de análise de dados e gestão.
Nessa cadeia produtiva também são visualizados riscos que podem ser transformados em oportunidades, como questões que envolvem a segurança do alimento, tais como surtos de doenças como febre aftosa ou encefalopatia espongiforme bovina (vaca louca), as quais podem prejudicar significativamente as perspectivas de exportação do Brasil. Portanto, manter um sistema de defesa robusto e garantir a transparência e agilidade das operações para manter a confiança dos compradores internacionais traduz-se como uma oportunidade a ser explorada, que pode ter um impacto maior na demanda de carne bovina no mercado interno e nos principais mercados de exportação nos próximos anos.
Outro aspecto de grande impacto está relacionado à rastreabilidade da cadeia de suprimentos e implementação de padrões governamentais no setor, os quais são essenciais para fortalecer a transparência e reduzir os riscos de adquirir carne bovina de áreas com problemas ambientais e sociais. Iniciativas como essa estão cada vez mais presentes na agenda de empresas e órgãos governamentais que atuam nessa importante cadeia produtiva.
O Brasil possui oportunidades significativas para expandir suas exportações de carne bovina. A demanda internacional crescente, o aumento da renda global e a busca por novos mercados são fatores promissores. No entanto, desafios relacionados à produtividade, segurança do alimento, sanidade animal e sustentabilidade devem ser enfrentados para garantir a viabilidade e a competitividade do setor. Com investimentos em inovação e aprimoramento da cadeia de suprimentos, o Brasil pode consolidar sua posição como um dos principais exportadores de carne bovina do mundo.
Fonte: Portal DBO
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